terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Natal longe de casa...


Ano passado fui eu; esse ano pode ser você.  O fato é que passar o Natal longe da família é esvaziar um pouco do sentido desta tão tradicional confraternização. Você pode nem estar ligando muito, achando que passar o Natal na Europa é puro glamour, que vai vestir roupas elegantes de inverno, que vai ver a neve ou confraternizar com outras culturas, etc. Enfim... você pode até achar que o seu Natal vai ser chiquérrimo, coisa de cinema, mas quando der a meia-noite e você for abraçar as pessoas desejando o tão esperado “Feliz Natal” você vai perceber o quanto o seu elenco está desfalcado.

Para amenizar um pouco essa possível dor, aí vão algumas dicas de quem passou o último Natal longe de casa:

- Eleja um grupo de pessoas bacanas para dividir o sentimento de Natal com você. A companhia na sua noite de Natal vem fazer o papel da sua família e dos seus amigos que estão longe, por isso,  assegure-se que você fez a melhor escolha.

- Planeje a ceia de Natal em conjunto, como uma família faria. Compartilhar os planos alavanca o entrosamento para a tal esperada festa.

- Traga um pouquinho da noite do seu Natal familiar para junto desse seu Natal independente. Pode ser alguma tradição, alguma comida típica, brincadeira, ritual... enfim algo que te lembre o Natal em casa. Se cada um dos convidados fizerem isso, vocês terão uma ceia muito mais rica, a começar pela troca de experiências. Eu, no ano passado, propus duas coisas do Natal da Família Bin: o pavê de sonho de valsa (que eu faço todo ano) e o amigo secreto, que é diversão garantida! Foi sucesso total!

- Por último, não se esqueça de fazer aquela ligação para desejar um Feliz Natal para quem você ama. Você vai chorar? Vai! Vai borrar toda a maquiagem? Vai! Vai ter que se ausentar da festa para se recompor? Vai! Mas tudo isso vale a pena. É sinal de que você tem um coração que bate e AMA, independente da localização geográfica. Só não se esqueça do fuso horário!
Para você em Portugal, no Brasil, ou em qualquer lugar do mundo...
Um Feliz Natal!

domingo, 4 de dezembro de 2011

Até já, Portugal!

Pela primeira vez após um pouco mais de um ano, estou voltando ao Brasil. Não estava nos meus planos esse retorno antes do término do mestrado, mas sabe como é né?! A saudade bateu mais forte.
Pensando na saudade que tenho de lá, enumerei o que eu acho que vou sentir mais falta daqui... Vamos lá:

TOP 1
No topo do Ranking vem disparado lá na frente o Pingo Doce. Meu Deus, o Pingo Doce é qualidade de vida!!! Meu dinheiro nunca rendeu tanto na vida como ele rende quando estou no Pingão. Fora o que tem de coisa por lá... Quisera God que o Pingo Doce fosse para o Brasil. Adeus Extra, Carrefour, Pão de Açúcar, etc etc. O Pingão domina!!!
TOP 2
O segundo lugar do meu ranking da saudade é para mim o lugar mágico de Coimbra: o Parque Verde do Mondego. Bom para uma simples caminhada e excelente para um piquenique ou bate papo à beira do rio. Aquele lugar tem uma energia fantástica, transmite uma paz que vai ser difícil encontrar na turbulenta São Paulo. Mondegão, I will miss you!
Por fim, no terceiro lugar, mas não menos importante, vem o Shots Bar. Shots não é qualidade de vida, é qualidade de bebedeira. Eu adoro aquele bar, adoro tomar zilhões de shots e inventar novos nomes para cada um deles cada vez que eu vou lá. E acho que nem é só o bar, é a mania de tomar shots. É viciante!!! Ainda na pegada das bebidas, vou sentir falta da Sangria da Alegria do Cabido. É um grau alucinógeno que não tem preço, apesar de custar a bagatela de 1 euro. Para quem é da Unesp Bauru, vale a comparação: a sangria da alegria faz mais efeito do que as batidinhas insanas da Ticomia.
Fileirinha de shots Repsol, por mim apelidados de Moulin Rouge

TOP 3 

Fora isso, essas coisas e esses lugares, com certeza vou sentir falta das boas companhias que encontrei por aqui, e, é claro, dos bons momentos vivenciados com cada uma delas. Mas pessoas não são “rankiáveis”, se é que o português me permite tal neologismo, elas simplesmente te conquistam de jeitos diferentes, por isso não tem nem como comparar. As pessoas que para mim são especiais sabem que são e para cada uma delas não digo adeus, jamais. É simplesmente um até já. Temos um encontro marcado, seja em Portugal ou em qualquer lugar do mundo.
Para os demais, adeuzinho....!
Ei, Brasil, tô chegando!!!

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O jeitinho brasileiro é português!

Em um ano de vivência aqui na terrinha, cheguei a esta conclusão: o jeitinho brasileiro é português!
Eu sei que eu não sou a com mais moral para falar sobre isso, já que na turma da faculdade eu era, por vezes, alcovitada de “garota-gambiarra” pelo meu jeito despachado e “despojado” de resolver as coisas, mas a conclusão é inevitável: o nosso “arresórvi na gambiarra” é herança lusitana.
Como eu cheguei a essa conclusão
Foi em um dia comum, na minha esplendorosa casa portuguesa, que a ideia veio na minha cabeça. Eu tinha acabado de chegar de viagem e percebi que a porta do congelador daqui de casa não fechava a porta. Comuniquei às meninas que moram comigo: “gente, vocês viram que a porta do congelador não está fechando?!” Uma delas foi comigo averiguar a situação. Ela olhou para a porta do congelador, olhou para o frasco tamanho família de amaciante que se encontrava no chão e simplesmente encostou a embalagem de sei lá quantos litros (juro, as embalagens de amaciante aqui são inesgotáveis!) na porta do congelador, olhou para mim e disse: “pronto, já está!”. Eu fiquei embasbacada, juro! Genial, pensei!!! (minha mãe que não leia isso!)
Outros episódios...
Desse dia em diante comecei analisar como o famoso jeitinho brasileiro está presente no cotidiano português. Só aqui em casa ele aparece quase que em todos os cômodos:
- Na porta de entrada, que um dia não fecha, outro dia não abre. Eu chamo o senhorio para consertar, mas tudo que ele faz é dar um jeitinho: aperta um parafuso de cá, dá uma batidinha de lá, chacoalha a coitada da porta que já está em frangalhos, mexe dali, mexe daqui e pronto: já está! Semana sim, semana não o senhorio volta para dar o ar da sua graça e do seu jeitinho de “consertar” a porta!
- As lâmpadas que queimam: uma vez a lâmpada da cozinha queimou e NADA de ninguém trocar, afinal era uma lâmpada especial que merecia cuidados especiais, o que definitivamente não é comigo. Então o que foi que eu e meu ex-companheiro de casa fizemos?! Colocamos um abajur na cozinha! Super tendência aqui na Europa, aprende aí você que está decorando a sua casa!
Meu Deus!!! Como eu nunca pensei nisso para resolver o problema do meu quarto que não tem luz no teto! Gênio!!!
- Outro jeitinho para lá de especial é a vara de pescar roupas, propriedade exclusiva da minha casa portuguesa. O pessoal daqui do prédio, inclusive daqui de casa (eu me incluo nessa) tem um talento especial para derrubar roupas e acessórios (sim, acessórios!) pela janela. Pensando nisso, eu e meu ex-companheiro de casa confeccionamos a vara de pescar roupas: emendamos um cabo de vassoura no cabo do rodo, o cabo do rodo no cabo da pá de lixo e um pedaço de arame na ponta disso tudo. Na outra extremidade, amarramos um pedaço de fio de varal e pronto! Já está! A nossa belíssima e funcional vara de pesca!!! Da criação para cá ela já sofreu algumas alterações, mas sem perder seu jeitinho gambiarra de ser!
A Ryanair é adepta do jeitinho
Fora de casa, o episódio que para mim consagrou o jeitinho gambiarra português aconteceu num vôo da Ryanair. Como todo mundo sabe, o vôoda Ryanair é aquela feira linda de Deus! Eles vendem e servem de tudo. Numa dessas, o aeromoço vendeu um jantar para um casal: o prato era frango com chilli se eu não me engano. Quando foi servir, o rapaz-Ryanair lembrou-se de um pequeno detalhe: não havia talheres para o casal comer o tal do frango! Pasmem com a solução: pauzinhos de mexer o café! Isso mesmo!!! O casal comeu o frango que nem japonês, rapaz!!! Na pegada dos palitinhos!!! Eu tiro o chapéu para o aeromoço, que foi, no mínino, criativo, para não dizer cara-de-pau!
E você?
Eu poderia enumerar um zilhão de gambiarras que eu já vi por aqui, mas vou deixar essa tarefa para você leitor... Bota a cabecinha para pensar e conta para mim como o jeitinho luso-brasileiro já deu o ar da graça para você. Para os que não têm experiências na terrinha, analisem e me digam se o jeitinho brasileiro é ou não é herança portuguesa!

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Busão na Europa é qualidade de vida!

Nunca pensei que um dia fosse falar isso, mas realmente tenho que dar o braço a torcer: viajar de ônibus pode ser sim uma excelente e confotável opção.
Todo mundo fala em viajar de trem pela Europa. Entretanto, na minha última viagem descobri que se deslocar no nosso já conhecido busão tem lá suas vantagens. Acompanhe...

Eu fiz a seguinte rota rodoviária: Munique (Alemanha) - Praga (República Tcheca) - Berlim (Alemanha).
Cada trecho durou em média 5 horas, cerca de uma hora a mais do que duraria a viagem de trem; um pequeno contra perante tantos prós. Se liga só:

- Na viagem de ônibus, pelo menos pela Eurolines, você escolhe o seu assento. Eu por exemplo, como sou muito espaçosa, escolhi quatro, e vim esticadona capotada lá no fundão do busão. Muito phyna!
- No bus, ao contrário do trem, ninguém vem te acordar no seu sono mais profundo para conferir seu bilhete. O motorista já fez isso, logo quando vc entrou.
- A viagem não tem parada. Vai que vai direto e reto. o que sempre é uma vantagem.
- No autocarro (esse é para você português que está lendo meu blog) da Eurolines, os bancos tem rádio acoplado nos bancos (se vc não tiver um fone de ouvido, bastar solicitar o seu ao motorista), são oferecidos água, revistas e jornais e o melhor de tudo: internet free! Ah, como eu AMO a modernidade!!! (Nessas horas fico pensando se o Expresso de Prata já deu esse passo em direção ao futuro...).
- Mas o TOP TOP aqui vai para outro quesito: preço!!! A passagem de Praga para Munique saiu pela bagatela de 9 euros. Praga-Berlim, saiu um pouquinho mais "caro", 10,50 euros. Para se ter comparativo, a tarifa promocional de trem sairia no mínimo 30 euros. Acho que agora deu para entender a qualidade de vida, não?!


Então aí vai a minha dica. Antes de viajar, acesse www.eurolines.com e compare os valores das passagens (o site dos trens na Alemanha é http://www.deutschebahn.com). Depois é mochila nas costas e boa viagem!


Observação: não estou ganhando nenhuma comissão da Eurolines por esse post (mas bem que poderia, viu?!).

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Concepções sobre férias...

Um dia desses estava andando pela cidade do Porto com um amigo e não pude deixar de reparar na imensa quantidade de estabelecimentos comerciais “encerrados para férias”. Lojas, cafés, padarias, restaurantes... tudo em recesso em prol do verão e do bronzeado. Eu, brasileira, paulista frenética, achei o cúmulo. Como que uma cidade como o Porto, praticamente o cartão postal de Portugal, poderia entrar em férias?! Ainda mais com tantos turistas pela cidade?! Meu amigo, também brasileiro, porém fora do Brasil há cerca de 10 anos, logo defendeu: “Coitados dos portugueses, eles merecem férias. Trabalham tanto, o inverno é tão longo, merecem descansar no verão”. Será?!, pensei eu.


Vamos refrescar a memória do meu querido amigo:
Em terras tupiniquins...
No Brasil, faça sol ou faça chuva tudo funciona. Véspera de Natal: tudo aberto; Véspera de Ano Novo: tudo aberto. Feriado: boa parte dos estabelecimentos estão abertos (como restaurantes, padarias, supermercados e farmácias). Lojas, escritórios e afins fecham, normal. Sábado e Domingo: praticamente TUDO aberto. Fora isso, rola o 24h. Muita coisa funciona 24h por dia: farmácias, supermercados, padarias, lanchonetes, posto de gasolina. Pelo menos em São Paulo é assim, a cidade não dorme... NUNCA.
Na terrinha do bacalhau de bigode...
Em Portugal as coisas são “um pouco” diferentes. Em Coimbra, por exemplo, se você precisar de uma farmácia durante o fim de semana prepare-se para rodar a cidade toda até achar a dita cuja que está de plantão. No Porto, o hospital que fica na frente da casa desse meu amigo fecha aos domingos, porque ninguém tem o direito de passar mal no domingo... VAI MORRER PRA LÁ, como dizem uns e outros por aí. Além dessas bizarrices, é fato que por aqui tudo fecha para almoço (quando não para a sesta, aquele famoso cochilo após encher a pança). O açougue fecha para o almoço, os escritórios fecham para almoço, as lojas fecham para almoço, a PQP da loja da VODAFONE fecha para almoço. Agora, penso eu, em que momento da vida as pessoas que trabalham o dia toda resolvem suas pendências se está tudo fechado no horário do intervalinho universal do expediente: o horário de almoço?! Eis o mistério da fé!
Diante destes fatos, coloco em questão: quem é mais merecedor de umas semaninhas de férias, o brasileiro ou o português?!
Tenho certeza que seria maravilhoso para o brasileiro que rala todo dia poder usufruir de umas férias coletivas. A minha mãe, por exemplo, cada vez que sai de férias, surta quando volta ao trabalho de tantos “pepinos” que brotaram durante a sua ausência.
Apesar da imensa qualidade de vida que essas tais feriazinhas coletivas de verão proporcionam, seria bom para o português aposentar por uns tempos tal hábito. Um país que está na crise em que está, chegar agosto, fazer as malas e largar tudo para curtir umas férias no Algarve é no mínimo irresponsabilidade ou até mesmo alienação.
Guardar as economias do ano inteiro embaixo do colchão para depois torrar tudo em alguns dias no lugar mais exuberante (pela beleza e pelo preço) de Portugal não é a melhor solução para sair da crise. Talvez seja apenas para fugir dela... não?

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Uma questão de humanidade

Estou completando nove meses de vida em Portugal, e talvez por isso algumas coisas novas estejam nascendo para mim.

Nas últimas semanas a palavra humanidade apareceu na minha cabeça e nas conversas que eu tive com muito mais intensidade do que costume.

Tudo começou com um trabalho escroto que eu peguei pra fazer. Sabe como é... nessa vida de imigrante a gente faz cada coisa para ganhar uns trocos, ainda mais na moeda que vale muito mais que a sua, ainda mais quando você é universitário fudido.

Pois bem... lá fui eu enfrentar algo que me definiram como um trabalho tranquilo. De fato, o trabalho era. Entretanto, nada tranquilo era lidar com a situação, com o contexto à volta. Ouvimos, eu e os demais envolvidos na presepada, coisas que me deixaram de queixo caído. A “patroa” logo no primeiro dia disse que não ia dar transporte para o pessoal ir trabalhar, que quem quisesse que pegasse um táxi. Como se não bastasse, ela completou: “vocês já me saem caro demais tendo que pagar o “ordenado” e ainda dar alimentação”. Quase vomitei de descrença no que aquele monstro trajado de mulher estava falando. Em um trabalho que consumia mais de 12 horas de cada funcionário envolvido, ela reclamava de fornecer comida para as pessoas, sendo que é esta a própria matéria-prima da empresa! Não dá para acreditar. Esse foi o primeiro momento que a palavra humanidade me veio à tona.

Depois dessa, cada vez mais o termo veio aparecendo em cena, algumas vezes na minha cabeça, nas minhas palavras e até mesmo conversando com terceiros, como com uma portuguesa que morou seis meses no Brasil e me garantiu: os portugueses não tem o senso de humanidade que o brasileiro tem.

Eu não tinha tido essa noção até então, mas de fato faz muito sentido. Tive essa certeza na mesma semana, no mesmo trabalho escroto (que eu insisti em continuar), na mesma empresa escrota e desumana. Uma pessoa se machucou durante o trabalho. Machucou-se por culpa de outra, sendo essa outra a “responsável mor” no momento. A tal vítima entrou em estado de choque pelo acidente (que não vem ao caso contar), já o (i)responsável mor (pelo acidente, pelo pessoal, pelo trabalho, pela empresa, e sei lá mais pelo quê) não moveu uma palha para ver o que tinha acontecido, simplesmente continuou a sua tarefa pensando apenas que ele tinha que terminar, para não levar esporro do patrão. Nesse momento tive a certeza que o sentimento de humanidade anda escasso por aqui. Em contrapartida, o individualismo transborda. O português, sem querer generalizar, sente-se cada vez mais a vontade em pensar só nele e no que atinge a ele.

Eu e a pessoa acidentada fomos embora... eu indignada (ou inconformada?!), ela em estado de choque. Por conta desse abandono prévio, tivemos um desconto no pagamento. Mais uma prova da falta da humanidade portuguesa. Se fosse no Brasil, a pessoa responsável pediria desculpas, se prontificaria a ajudar e arcaria com todas as responsabilidades do incidente, ainda mais sendo ela a responsável da empresa no momento. No Brasil, as leis trabalhistas gritam mais alto, as pessoas gritam mais alto, a tolerância à injustiça grita mais alto.

A diferença, infelizmente, é que no Brasil bate no coração dos brasileiros a humanidade, a esperança e o otimismo. O brasileiro, por mais humilde que seja, nasce com vontade de ser alguém, batalha por isso. Já em Portugal, o que bate mais forte no peito é o individualismo, o comodismo e a amargura de um país que tinha tudo para ser de primeiro mundo, mas está abaixo do nível da pobreza... de espírito.

Em todos os lugares há pessoas boas e ruins, eu sei muito bem disso. Mas sei também que aqui em Portugal está cada vez mais escasso o sentimento de otimismo e solidariedade nas pessoas, principalmente entre os mais jovens, que já crescem descrentes no futuro do país que vivem. A conseqüência disso, entre muitas outras, é a perda da humanidade de um povo que tinha tudo para ser “coração”.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Festa Junina em Portugal!

Eu achava que Festa Junina era algo tipicamente brasileiro. Descobri, entretanto, que aqui pela terrinha também há... só que a coisa rola um pouco diferente!

Quitutes Juninos
Canjica, paçoca, milho verde, pastel, vinho quente, quentão... Nada disso!!! Por aqui, na Festa Junina, a bola da vez é a sardinha! Em tempos de São João, Santo Antônio e São Pedro, a tradição em Portugal é reunir a “moçada” e assar sardinha. Em casa, na calçada, na rua, na praça... todo lugar é lugar!

Além da sardinha, o pessoal aqui também investe na Bifana no pão, um lanche com carne de porco. Nos doces, o que chega mais próximo da nossa culinária junina é o arroz doce. Nas bebidas, como junho é verão, não tem nada de quente: é cerveja e sangria bem geladas, e aí sim uma pitada de Brasil – a caipirinha!

Tradições
Além de assar sardinha na rua, Portugal tem outras tradições juninas. Na região do Porto, rola a festa de São João pela cidade toda. Além da sardinha em abundância, o pessoal tem o costume de sair martelando as pessoas na rua. Não, ninguém pega aquela martelo da caixa de ferramentas não... é um de brinquedo... tipo o do chapolin, sabe?!

Outra tradição, é o desfile de marchinhas. Parece coisa de carnaval, mas não é. Aqui em Coimbra, as grupos de diversas freguesias da região desfilaram pela baixa da cidade com roupas alegóricas cantando marchinhas em homenagem aos três santos juninos. Olha só:


Quadrilha
Não tem olha a cobra, não tem olha a chuva e muito menos a ponte quebrou. Não tem casório, não tem noivo fugindo com a galinha, padre bêbado e noiva desdentada. Não tem nada disso não! O ritmo da quadrilha é um pouco mais lento, e a dança muito mais folclórica do que bagunçada como a nossa quadrilha brasileira. A bandinha toca no coreto e é o sanfoneiro quem comanda a roda de dança: “homens para dentro”, “meia volta” e “palmas” resumem bem as coordenadas! É mais simples, mais sutil e organizado. Mas também pode ser divertido!

Aqui na festa em coimbra, tinha até a indicação "QUERMESSE". Mas quermesse não é a festa toda, como a nossa. Era a barraquinha de prendas. Você vai lá, paga uma quantia X e sorteia um papelzinho para saber qual a prenda que você tem direito. Não tem pescaria, argola, cadeia ou qualquer outra das nossas brincadeiras típicas...

A decoração também é com bandeirinhas, mas não vi nem balão nem fogueira. Mas o que vale é a intenção, não?! É reconfortante saber que há um pouquinho nosso aqui, e um pouquinho deles por aí. Esse intercâmbio cultural diminui um pouco a saudade... ou não...!

Enfim...

Boa Festa Junina (e Julina) para vocês!

Beijão e até a próxima!

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Recebendo familiares...

Receber pessoas é uma arte.
Há algumas semanas recebi na minha casa portuguesa, em Coimbra, minha mamis e minha madrinha, que vieram me visitar e aproveitaram para curtir uma Eurotrip.

Durante os quinze dias que elas passaram por aqui fiz de tudo para que essa viagem fosse inesquecível a elas. Confiram como:

1. Subir as escadas monumentais.
Vir a Coimbra e não subir as escadas monumentais +e um desaforo. Portanto, logo que minhas entes queridas chegaram, o primeiro passeio que propus foi encarar os 125 degraus das escada que nos leva à Universidade de Coimbra. Olha só:


2. Visitinha ao supermercado.
Nessa vida dura de universitário duro, faz parte da rotina fazer a compra do mês e carregá-la toda nos braços, durante todo o percurso do mercado até a sua casa, a pé, é claro. Traz mais emoçãp a esta cena comprar muito mais do que se pode carregar, o que é de praxe, e o caminho de volta mercado-casa constituir-se 100% por subidas. Legal, né?!

3. Olha o trem!
Uma experiência bem bacana para apresentar aos visitantes é viajar de trem. Não que não tenha trem no Brasil, mas viajar de comboio pela Europa costuma ser muito mais emocionante. Primeiro porque o comboio é pontual, e nós brasileiros, por natureza, não somos. Então chegamos sempre em cima da hora, quando não depois da hora. O segundo fator emocionante é encontrar o assento ao qual corresponde o seu bilhete. Na Itália, todos os trens têm o vagão indicado do lado de fora. Em Portugal, nem sempre. Ter que percorrer o trem inteiro carregando malas caçando o vagão pode ser desastroso: podemos tropeçar, dar malada nas pessoas, ficar presas nas porta, ou até perder algum pertence, como a Tia Bete, que deu uma de Cinderela e perdeu um pé do sapato que ia de Gaia para Coimbra. O terceiro e mais forte fator que pode deixar a sua viagem interessante é carregar malas. De preferência uma gigante, uma quebrada, duas sem rodinhas e uma única em condições (em 3 pessoas, vale salientar). O melhor de tudo é quando a sua parada não é o ponto final e você tem exatos dois minutos para jogar toda a sua bagagem e as pessoas que a acompanham para fora do trem. É tipo gincana com prova cronometrada: 1, 2, 3 e vaaaai!


4.Viagem Low Cost.
Mais do que viajar de trem, viajar de avião pela Europa pode ser algo único na sua vida. Mas isso só se você optar por uma Companhia aérea Low Cost. Como já mencionado na minha primeira viagem do gênero, encara o Low Cost inclui:

- viajar numa carroça voadora;

- ter que fazer caber a mala num cubículo de 50X40X20cm;

- aguentar o mercado de peixe em pleno voo (é café, lanchinho, perfume, e até raspadinha à venda);

- ouvir uma corneta quando o avião aterrisa;

- ouvir o povo aplaudindo quando o avião aterrisa;

Inesquecível, fala aí?

Outros momentos que contribuíram para tornar a viagem memorável:

- ter o azar de reservar hotéis sem elevador e sem careegador, e ter que subir de dois a três andares de escadas com milhões de malas;

- fazer cara de desavisado ao utilizar um passe que diz que funciona em todos os transportes, mas na verdade não funciona em nenhum;

- querer pagar a passagem de ônibus e o motorista não querer cobrar porque você é muito simpática;

- pegar o metrô com um bilhete a menos e ter que xavecar o guardinha para não tomar multa;

- perder-se nas ruas de Veneza durante horas a fio…

- atravessar de chinelo a enxurrada em Roma e não pegar laptospirose;

- assistir de camarote a preparação da verdadeira pizza italiana;

- rasgar todos os mapas de todas as cidades no justo momento que você estava procurando o caminho de volta para o hotel;

- comprar mais do que se pode carregar;

- ficar com ãrg de chinês e olhar a etiqueta de tudo que se compra para se certificar de que não é made in CHINA!!!

- fazer amizade com uma china que fala alemão e conseguir se comunicar;

-presenciar o cortejo da Queima das Fitas de Coimbra;

- socorrer bebados que tentam se matar na banheira da minha casa;

- beber sorrindo uma dose de Licor Beirão, por mais intragável que isso seja.


Enfim… foram milhares os momentos, mas nem tudo é divulgável.

Mamis e tia Bete estiveram por aqui entre os dias 25 de abril e 10 de maio. Na estadia, passamos pelas cidades italianas: Roma, Florença, Veneza, Verona e Milão, e depois demos um pulinho até a França, para desfrutar de Paris. entre idas e vindas, elas curtiram uns diazinhos em portugal também. Espero que elas tenham gostado da viagem!

E para quem leu até o fim, espero que tenham gostado do post (se não gostaram, pode xingar! Nem ligo!!!)

terça-feira, 5 de abril de 2011

Jornalizando em Portugal

Depois de brincar de correspondente internacional do G1 fazendo a cobertura da vinda da Dilma e do Lulinha a Portugal (29 e 30 de março de 2011), a jornalista aqui resolveu, finalmente, comentar a prática jornalística nas terras lusitanas! Coisa de louco!

A cobertura do fato

Fora 1: Quando o nosso digníssimo ex-vice-presidente José Alencar bateu as botinhas, estávamos nós, a comitiva de imprensa, no hotel Quinta das Lágrimas. Há menos de 10 minutos a Dilma havia falado conosco, e o Lula havia chegado. Quando José Alencar morreu, a única repórter portuguesa que ali estava (não sei nem de que veículo) foi perguntar quem era o falecido que tinha deixado todo mundo abalado. Perdidinha coitada!

Fora 2: No dia seguinte, 30 de março, durante a cerimônia de doutoramento de Lula, um amigo meu, também jornalista, flagrou um repórter da EFE, uma das maiores agências de notícia do mundo, procurando na Wikipédia quem era esse tal de Luís Inácio Lula da Silva. Quem é hein?!

Foras tupiniquins: ninguém é perfeito, muito menos o jornalismo brasileiro. O primeiro fora, que está mais para tropeção do que para fora, foi do fotógrafo do Estadão. Tentando alcançar a celebridade máxima, Dilma Rousseff, o camarada caiu na frente da presidenta. A queda pelo menos lhe rendeu uma mãozinha da digníssima!

O outro fora foi do cinegrafista da Rede TV!. Estávamos dentro da Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra, esperando a entrada triunfal da dona Dilma. Muito cansado de esperar, o câmera man colocou sua "pequena" câmera de filmagem sobre a mesa de zilhões de anos da biblioteca. Resultado: levou bronca da tiazinha da biblioteca! "Não apoie nada sobre a mesa! Sabe quantos anos ela tem?! Isso é patrimônio histórico!"

O jornalismo em Portugal

O jornalismo português, em certos momentos, é uma piada. No jornal diário daqui de Coimbra, no caderno de Classificados, tem tudo: casa, carros, empregos e até GAROTAS DE PROGRAMA! Isso mesmo! Você pode escolher a sua companheira pelo jornal. Tem lá o anúncio com detalhes sórdidos: “19 aninhos, pentelhuda, apertadinha, faz 69, atende em casa, etc, etc”. Vexame total. Isso que estamos falando de um país onde reina o machismo e o provincianismo! Posso falar?! Totalmente desnecessária essa página do jornal, mas enfim...

Como eu não tinha o jornal em mãos, dei um print screen na página do site!

O telejornalismo, por sua vez, é diferente. Não vou falar do conteúdo, e sim da maneira de se fazer televisão. Os telejornais diários, tipo Jornal Nacional, têm em torno de uma hora e meia de duração. Dá para dormir, acordar e continuar “informado”! As matérias são extensas, as sonoras (entrevistas) passam fácil de um minuto. Se você não percebeu quão extenso é uma hora e meia de jornal, vamos comparar: o JN tem em média 35 minutos. Entendeu?!

Jornalismo cor-de-rosa!

Essa não é uma crítica, é um arrrrraaaaso! A imprensa dedicada às celebridades e futilidades é chamada aqui em Portugal, e em outros países da Europa, como imprensa cor-de-rosa. Puro glamour!!! Achei a denominação uma graça! Não equivale a nossa imprensa marrom, acredito eu, que apesar de também sensacionalista, faz mais a linha espreme-que-sai-sangue do que fofocas e bafões...

Tá ruim pra você, também tá ruim pra mim!

Eu bem sei que a queda na qualidade jornalística não é um mal exclusivo de Portugal. No Brasil também existem essas gafes jornalísticas, e acho que até mais, porque o país é maior. O fato é que essa promiscuidade que tem beirado a prática jornalística nos dias de hoje tem a ver com dois fatores, diretamente: baixa qualidade de ensino das faculdades de comunicação e com a baixa remuneração dos profissionais. Em Portugal, um jornalista ganha em média um pouco mais que um salário mínimo. No Brasil, um profissional que acabou de se formar ganha de dois a três salários mínimos. Sacanagem, né?!

Infelizmente isso não acontece só no Brasil e em Portugal e também não é exclusividade dos jornalistas. A coisa tá “brabra” por aí... Mas não vou ficar me estendendo além do que deveria...

Atéee!!!

segunda-feira, 21 de março de 2011

Coisas que a gente tem que ensinar aos portugueses

Vou eleger aqui um TOP 3 das coisas que nós brasileiros temos que ensinar aos portugueses.

Lição número 1:

Presentear. Não é que os portugueses não saibam presentear as pessoas. Eles sabem. O problema é que eles não presenteiam, eles OFERECEM. A questão é verbal: quando você presenteia, ou simplesmente dá, a outra pessoa aceita e pronto. Agora quando você oferece você abre um espaço para as pessoas não aceitarem. Não sei se é exatamente essa a estratégia, mas é esquisito. Oferecer a gente oferece um café, uma fatia de bolo, um chiclete... Presente (ou prenda, como se diz por aqui) a gente dá e boa! Certo?!

Lição número 2:

Brigadeiro. Aqui em Portugal quando se fala em brigadeiro o povo já pensa que é bolo. Tsc, tsc. Tem que ensinar tudo para esses portugueses! Vamos lá: bolo é bolo, brigadeiro é brigadeiro. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa! Brigadeiro é o resultado da mistura entre leite condensado, manteiga e chocolate em pó. Coloco tudo na panela, mexe beeem, até a massa começar a desgrudar do fundo da panela. Tá pronto. Pode comer de colher, ou enrolar no granulado (que vira o tradicional docinho de festa infantil!). É uma delícia! Mas bolo, bolo é outra coisa... vai farinha, ovo, leite, etc, etc! O bolo pode ser recheado ou coberto de brigadeiro, mas nunca vai ser brigadeiro. Entenderam?!

Lição número 3:

Chamar o cara do bar. No Brasil a gente grita garçoooom, ôooo moço, amigooo, companheiro (principalmente se você for simpatizante do Lula), meu chapa, essas coisas assim bem cafonas... Mas quando o bar está lotado e você está na beira do balcão implorando por um shot a estratégia é outra. E é isso que eu vou ensinar! Atenção portuguesas, aprendam e pratiquem! Quando o bar estiver bombando, chegue à beira do balcão e simplesmente grite: Ô DELÍCIA, GAAAATO! Quero só ver se o barman vai te ignorar... Já ensinei para uma portuga e ela AMOU a tática. Funciona MESMO! Favor testar e me contar aqui depois...

Por ora, são essas as primeiras lições. Mas não se surpreenda se surgir outro post por aqui com está temática... Já sabe né: parece que tem que ensinar tuuuudo para esses portugueses!!!

Obs.: Favor não levar a mal, é tudo brincadeirinha. Obrigada.

Obs. 2: Quem é que ficou com vontade de comer brigadeiro e agora está com ódio de mim?! (favor manifestar).